"Sou eu, ó céu! - Anjo falhado,
perdi, jogando fluidos dados,
no pano esverdeado
deste mar,
as asas e a vontade de voar.
Não salvei do naufrágio a embarcação,
Detive-me a rolar por estas vagas,
joguei-me contra as fragas...
Já sem asas,
Ó céu, aceita a minha demissão!
Serei o precursor? Eis-me liberto
de tanta terra vil que o céu reflecte.
Ó líquido deserto,
onde se perde
o vestígio dos erros encobertos!
Por mim, não quero já missão nenhuma,
senão tal jogo de onda e de mais onda,
a surpresa da espuma!,
e a profunda
tentação de morrer em cada onda!"
David Mourão-Ferreira
segunda-feira, 30 de abril de 2012
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domingo, 8 de abril de 2012
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